O retorno
É hora de voltar. Mesmo sem todas as certezas é hora de voltar. De 2013 a 2016 foi um pastorado marcado pelas interrupções e licenças médicas, e de 2016 até agora não teve atuação pastoral significativa, apenas escrevi aqui no blog, conversei com algumas pessoas e preguem duas ou três vezes. Foram seis anos perdido no nada, nas dúvidas e no desânimo.
O que há de novo é uma melhora ainda incipiente mas significativa da saúde emocional. Ainda que seja cedo para comemorar sei que preciso aproveitar o momento para dar alguns passos em direção a um novo futuro. Sim, dar passos agora para que o futuro seja diferente. É uma forma de sair do lugar onde estou.
Ainda sem a certeza e a determinação recomendadas pelos gurus da autoajuda estou me lançando ao que estou chamando de "viagem de reconhecimento". É uma experiência para retomar as atividades pastorais, algo que reconheço como um dos eixos centrais da minha vida.
Como compartilho minhas experiências aqui no blog, divido hoje mais uma para contribuir com alguém, em algum lugar, de alguma forma desconhecida, abençoando pessoas de algum jeito (talvez eu nunca saiba como isso aconteceu).
PRIMEIRO, eu estou dando um passo para FAZER alguma coisa. A outra opção é ficar totalmente parado. Vou assumir o compromisso de pregar, dar aulas e possivelmente ajudar no ministério pastoral onde eu tiver oportunidade. Neste momento posso vislumbrar, mesmo que parcialmente, algum ganho com isso, e consigo também acreditar que posso fazê-lo com alguma qualidade.
SEGUNDO, eu não tenho todas as certezas, mas ainda assim é melhor ir. Ficar parado onde estou não me trará certezas só lamentos. Cheguei à conclusão de que a melhor maneira de encontrar algum porto seguro é partindo. Em meio às atividades posso encontrar algumas respostas e solidificar alguns alicerces, mas atenção: Não tenho certeza de que encontrarei certezas, pode ser que tudo mude e eu tenha que mudar de novo.
TERCEIRO, estou aberto à mudanças radicais. Como acabei de dizer, pode ser que tudo mude, sem aviso prévio. Ainda assim prefiro e preciso correr o risco.
QUARTO, estou voltando, mas sei que não sou mais o mesmo. Burnout, depressão, medicação pesada, terapia e a chegada dos cinquenta anos mudaram minha massa cinzenta para sempre, e eu gosto disso. Nunca mais pregarei como antigamente, não direi mais as mesmas coisas, não penso o que pensava antes e meu padrão de valores foi para sempre modificado. Sorte (ou azar) de quem me ouvir.
QUINTO, meu pensamento teológico-doutrinário é hoje uma colcha de retalhos, reconheço. Prefiro questionar tudo, mesmo o que eu tinha como certo. Inquestionável apenas a Bíblia, mas as interpretações dos outros (e as minhas também) sempre serão. Questionar é saúde. Faz a gente buscar caminhos antes inexistentes. Mesmo assim continuo achando melhor começar de novo.
SEXTO, tenho algo a dizer. Pode ser útil, pode ajudar. Minha forma de ver a vida pode ajudar a libertar alguém. Não, você não está maluco, só está vendo as mesmas coisas com outros olhos.
Se vai dar certo só o tempo dirá. Mas o que é "dar certo"? Como vou aferir isso? Pensando bem não é assim que devo encarar as coisas, mas devo pensar que será um tempo a ser vivido com todos os elementos que lhe são próprios: Alegrias, tristezas, certezas, dúvidas, ânimo, desânimo, e tudo mais. Sendo assim estou retirando o binômio "vitória-derrota" do meu dicionário e começando a ver tudo como necessário e frutífero.
Termino fazendo referência ao que é fundamental para mim agora: Preciso ser fiel a mim mesmo, e não posso ter medo disso. A coerência não está em jogo e não será negociada. A honestidade absoluta ao que me tornei é condição vital em minha vida hoje e será para o resto da minha vida.
Que seja um novo tempo de muita vida, de verdade.
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