Reaprendendo a Viver (Parte 1)

"Segundo o IBGE, um indivíduo que estava com cinquenta anos em 2015 tem hoje uma expectativa de vida de 30,2 anos e consequentemente uma vida média de 80,2 anos (…) estou muito próximo disso, logo, se tudo der certo, eu também viverei até aos 80 anos de idade. Se eles estiverem errados pode ser que eu viva até aos 100 ou 120 anos"
Trecho do livro "Quando a gente muda"

Escrevi o livro há um ano e meio quando não tinha a menor ideia de como estaria hoje (nem esperança de dias melhores). Com a cautela de quem saiu do furacão há bem pouco tempo e de quem sabe que ela, a coisa, está o tempo todo olhando para mim, tenho refletido sobre a necessidade de olhar para a vida com outros olhos. Sim, estou reaprendendo a viver.
Reaprender a viver é tão necessário quanto urgente e tenho muito a agradecer aos médicos, aos terapeutas, aos cientistas e aos meus amigos. Sem eles nenhuma melhora estaria acontecendo.

Reaprender a viver significa que estou começando a olhar para a vida com outros olhos. O que espero dela? Quais são minhas expectativas? Como quero viver? O que ela pode me dar? O que posso dar? Como posso contribuir? Estou ciente de que preciso de muita coragem para responder a essas perguntas de uma forma que faça sentido para mim agora, e o ideal é que consiga fazer isso da forma mais simples e espontânea possível. Então vou fazer esse exercício aqui no blog, com você, um dos meus nove leitores.

O que espero da vida?

Ser feliz e livre. Não quero apenas me alegrar e sorrir de vez em quando, quero ser feliz. Eu reconheço que essa revelação pode gerar alguma confusão na cabeça das pessoas, mas eu admito que não me considero uma pessoa completamente feliz. Considerando que uma das mensagens centrais do Evangelho é a da felicidade nesta vida e que segundo o entendimento da maioria sobre o ensino bíblico quem tem Jesus no coração é feliz então há algo fora do lugar. Isso precisa de uma explicação, mas eu não sei qual é. Por que sou um cristão enfermo da alegria eu não sei, o que eu sei é que quero voltar à alegria e à felicidade nesta vida (na vindoura sei que serei plenamente feliz). Estou "trabalhando" intensamente para ter a alegria de volta.

Também espero e desejo ser livre. Alguém com tantas atividades públicas como eu geralmente é visto como uma pessoa segura, com autoestima elevada, que sabe administrar bem as críticas e que não se altera emocionalmente com a opinião das pessoas, mas para mim não é bem assim. É uma aflição ter que admitir essas coisas mas elas estão em mim e por isso desejo tanto a liberdade.

A melhor lembrança que tenho da liberdade dessas coisas foi quando viajei de bike por Minas Gerais. Os lugares e as pessoas eram diferentes, ninguém me conhecia, e não havia nenhum pré conceito quanto a mim.
Nunca me senti tão livre mas meu desafio é ser livre aqui, parar de me importar dessa forma tão cruel com a opinião dos outros e cuidar da minha cabeça pra que essas coisas deixem de me maltratar.


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